segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Espaço Ritual: Santo Daime


Escolhi como objeto de estudo a igreja constituída Santo Daime, em Rio Branco, Acre. Uma igreja de proporções medianas, toda pintada de branco, em um local bastante afastado do centro, como se buscasse um refúgio seguro para a prática de uma fé perseguida, como o fizeram também os primeiros cristãos, protestantes ou de todo culto distante da religiosidade oficial da cultura à qual está inserida. Muitas árvores em um grande terreno, córregos e flores deixam o cenário condizente com uma religião tão ligada à floresta e aos povos indígenas. Neste cenário, o único objeto que parece identificar a igreja como tal é a cruz que se encontra na sua fachada. Não é a cruz cristã, mas o Cruzeiro, também chamado de Cruz de Caravaca, um dos símbolos mais importantes do Daime, que significa tanto uma alusão ao retorno de Jesus Cristo quanto o trabalho de cada discípulo numa sobreposição dos braços da cruz. Entretanto, existem ainda outras interpretações.


O espaço interno é amplo, mas dividido, pois além do espaço ritualístico, onde é realizado o culto propriamente dito, há também outros espaços, como os dormitórios (para participar do culto é preciso estar “espiritualmente preparado”, ou seja, cumprir determinadas regras, como não usar drogas, beber ou fazer sexo no mínimo por três dias anteriores ao ritual). Há também outro importante espaço, que é onde se realiza a produção do chá de Daime, ou a Ahyauasca, uma bebida feita a partir do cipó jagube (banesteriopsis caapi) e da folha chacrona (psicotrya viridis), também conhecida como rainha, que lembra muito um pé de café. Este preparo é chamado Feitio. O processo é todo manual, e mais que isto, todo o processo segue fielmente um ritual próprio. Somente homens tocam nos cipós, enquanto que as folhas só podem ser colhidas pelas mulheres. O preparo da mistura (ou carga) é feito enquanto se recita os hinos do Daime, e obedecendo ao ritmo das batidas sincronizadas consegue-se uma espécie de transe, ou concentração profunda que une os preparadores em uma só canção ritual que assim como o culto posterior, pode ser enquadrado na Teoria da Arte de Cyntia Freeland “(...)um grupo de pessoas guiadas por certos objetivos e possa produzir valor simbólico através do uso de cerimônias, gestos, e artefatos. Rituais de muitas religiões no mundo envolvem ricas cores, padrões, e esplendor.” Ou, como a autora continua em seu raciocínio, “Para os participantes num ritual, clareza e convenção do propósito é central; o ritual reforça a relação formal da comunidade com Deus ou a natureza através de gestos que todo o mundo sabe e entende”, fatores estes existentes em toda a ritualização do Daime.


Segundo a crença daimista, o efeito do chá não é alucinógeno, mas sim de propriedades enteógenas, ou seja, ele abriria as portas da percepção (como diria Huxlei) para o descarrego daquilo que “entope” a alma, que só serve para nos prejudicar. Este descarrego é como uma limpeza, purificação da alma em uma experiência direta com o divino. Há porém, o efeito colateral, por muitas vezes, o fiel é cometido por uma crise de vômito, diarréia ou fortes dores, é a chamada “surra”, que segundo os fiéis acomete aquele que está despreparado espiritualmente.
No espaço de culto, muitas imagens de santos são incorporadas ao daime, mostrando a forte influência cristã sobre este ritual ancestral, praticado inicialmente por índios Incas que viviam entre as fronteiras do Perú e Brasil. O Daime como religião, foi iniciado nos anos 20 e 30, com o mestre Raimundo Irineu Serra, “ele recebeu essa Doutrina através de uma aparição de Nossa Senhora da Conceição,em uma das primeiras vezes que tomou a bebida, na região de Basiléia, Acre (Cefluris, 2000).” No mesmo espaço, pode-se encontrar outros objetos, como a estrela de Salomão, de onde se origina o formato hexagonal das igrejas do Daime. Essa estrela também ornamenta a farda dos daimistas, sendo colocada sobre o peito, de forma a indicar a iniciação na doutrina. A farda pode ser branca, para os rituais, ou azul para outros trabalhos. Nas mulheres, uma faixa verde perpassa os ombros lateralmente, e do ombro esquerdo parte uma série de fitas coloridas e uma coroa completando o traje, lembrando em muito as roupas das prossições nordestinas. Há ainda na mesa no centro da igreja, imagens de Jesus e de Nossa Senhora, os chefes da doutrina. Pode-se ver ainda muitos cristais, velas e o Rosário, sobre a cruz de Caravaca, lembrando mais uma vez a influência católica, que é confirmada pelas rezas. Sendo um culto musical, o Maracá é um objeto indispensável ao ritual através do ritmo das mãos masculinas e do vai e vem do bailado, estabelecendo um padrão ou freqüência mântrica para a transformação do estado de consciência e do mundo interior do xamã.


O culto já foi muitas vezes perseguido, e ainda hoje é visto com desconfiança, mas hoje, o culto é considerado legal. O CONFEN (Conselho Federal de Entorpecentes) declarou em 1987 que "os rituais religiosos realizados com a bebida sacramental Santo Daime não traziam prejuízos à vida social e sim, contribuíam para a sua maior integração, sendo notório os benefícios testemunhados pelos membros dos grupos religiosos usuários". E com relação ao chá que é ingerido pelos fiéis, e que por muitos é considerado apenas uma droga alucinógena, para o CONFEN "o SantoDaime não apresenta características do abuso de drogas, pelo seu uso ritualístico, descontínuo e ausência de alterações comportamentais."

referências:

FREELAND, Cynthia, Teoria da Arte, tradução, CASTRO, Beatriz Magalhães, UNB.
Internet:
TV Aldeia, Pronto Socorro da Cura < http://www.youtube.com/watch?v=V2hWKp-ebv0 > Acesso: 07/11/2009
Céu de Maria < http://www.ceudemaria.org/ > Acesso 07/11/2009
A Doutrina da Floresta < http://www.santodaime.org/ > Acesso: 07/11/2009
Mestre Irineu < http://www.mestreirineu.org/ > Acesso: 07/11/2009
Músicas: <http://www.tiosam.net/mp3.asp?q=Santo+Daime> Acesso: 07/11/2009
Foto:
Mestre Irineu - Santo Daime - CICLUMIG < http://www.mestreirineu.org/ >

domingo, 29 de novembro de 2009

Los Porongas como representante legítimo da arte como ritual

Segundo Cynthia Freeland, em Teoria da Arte, “atos adquirem significado simbólico por incorporação em um sistema de convicção compartilhado (pág 03)”. Neste contexto, a música, mesmo o rock da banda acreana Los Porongas, pode ser considerada como parte de um ritual, realizado através da convicção compartilhada entre o grupo que se apresenta e o público que o assiste.
Esta reciprocidade que une público e artista no momento do show cria ao mesmo tempo o significado do ato de apresentar-se num palco. Esta idéia se desenvolve no texto quando a autora afirma que a arte como ritual pode ser plausível “desde que a arte possa envolver um grupo de pessoas guiadas por certos objetivos e possa produzir valor simbólico através do uso de cerimônias, gestos, e artefatos. (pág.03)”. Aqui nós temos o cenário amplamente clarificado pela evidência; enquanto os músicos tocam seus acordes nas guitarras distorcidas, o baixo e a bateria fazem uma levada que remete às batidas tribais, comumente citadas nas teorias musicais, onde a e pulsação e repetição dos compassos remete imediatamente à tão necessária repetição nos rituais. Do blues do Mississipi aos ingleses do Led Zeppelin e dos acreanos Los Porongas, a levada contagia, pois o ritmo é a base da música, e da mesma forma, dos rituais presentes em religiões e cultos que fazem da música parte de sua religiosidade, desde o Candomblé e sua cerimônia pública, denominada “Toque” (essencialmente musical) às cerimônias indígenas. O rock do Los Porongas vai além do entretenimento, é um estilo de vida abraçado por seus membros e por seus fãs, o que mais uma vez legitima a arte realizada pelos Porongas como parte de um rito. Segundo antropólogos como Rivière e Terrin, os ritos podem ser definidos como atividade estruturada de “estilos de vida (...) ritualidade e performances capazes de organizar o mundo” (Terrin:2004:402). Estaríamos aqui no âmbito da ritualidade profana que se expressa em estilos de vida da sociedade moderna. Analisando as expressões dos estilos de vida no contexto da sociedade do espetáculo, Terrin argumenta que elas se movem sob a marca de uma “ritualidade sem mitos”.
O Los Porongas é um grupo, mas é fato que seu vocalista, Diogo Soares, mesmo que não queira, é o líder. Ele é principal responsável pelas letras da banda quanto pela “cara” que a banda possui. Mas sua importância no sentido ritual da música vai além, pois “Tanto nas culturas arcaicas quanto nas sociedades modernas, nos rituais há sempre um líder portador do objeto mágico, que representa a mediação entre o profano e o sagrado (Patias)” e sua performance, sua maneira de se portar no palco e forma de cantar funciona como um canal, um maná para a platéia absorver a energia da banda e seu instrumento mágico para isso é o microfone e ele é o xamã que busca levar a platéia do profano ao sagrado.


Referências:

FREELAND, Cynthia, Teoria da Arte, Tradução Castro, beatriz Magalhães, UNB.
PATIAS, Jaime Carlos O sagrado e o profano: do rito religioso ao espetáculo midiático, II Seminário Comunicação na Sociedade do Espetáculo, São Paulo.

Como ser socialmente produtivo através do pensamento artístico

Quando Fisher afirma que "o trabalho para um artista é um processo altamente consciente e racional, um processo ao fim do qual resulta a obra de arte como realidade dominada, e não - de modo algum - um estado de inspiração embriagante" ele está evidenciando a necessidade de planejamento em todas as atividades que realizamos, e não apenas quando falamos de desenho. Ele usa o desenho como mensagem, mas podemos facilmente perceber que o raciocínio se aplica a todos os outros campos.

Não adianta sentar e esperar inspiração para executar nossos projetos, sejam eles quais forem. Somente após muita reflexão, comparações mentais, dúvidas e até devaneios, nos deparamos com algum resultado. Mas não chegamos a este resultado de forma mágica, como uma inspiração inesperada, enviada por seres míticos ou sonhos miraculosos. Talvez alguns destes até nos sejam reais para o processo de criação de algumas pessoas, mas mesmo estes fazem parte de um processo lento de transpiração, onde as idéias amadurecem antes de desabrochar na consciência. Como afirma Fisher “a emoção para um artista não é tudo; ele precisa também saber tratá-la, transmiti-la, precisa conhecer todas as regras, técnicas, recursos, formas e convenções...” Não podemos acreditar sob nenhuma hipótese, que uma obra de arte nasce de um dia para outro, sem nenhum grau de envolvimento anterior, tampouco podemos acreditar na possibilidade de uma mudança social seja ela qual for, sem o devido esforço para elaborar os meios de sua concretização. Um projeto arquitetônico exige estudos preliminares, um discurso não é simples falatório. Para tudo precisamos trabalhar os conceitos com antecedência, ir aos poucos, descortinando a estrada que nos levará ao objetivo final.

Se levarmos este aspecto à prática diária, não ficaremos sentados esperando que a sociedade nos apresente magicamente soluções para o dia-a-dia, pelo contrário, estaremos sempre tratando das idéias, buscaremos conhecer as regras do mundo, as técnicas para o que queremos realizar, quais recursos poderemos utilizar. Enfim, estaremos trabalhando, pensando, buscando uma forma de sermos socialmente construtivos e produtivos; como artistas e como homens.

Referências:

FISCHER Ernst, A Necessidade da Arte, Editora Guanabara, Nona Edição

sábado, 28 de novembro de 2009

Motivação, inclusão e respeito às diferenças

Para se trabalhar em sala de aula com o ensino-aprendizagem de artes, levando em consideração a motivação e o respeito às diversidades indicados no texto “Processos Motivacionais e Inclusão Escolar: Contribuições à formação do professor de Artes”, de Diva Maciel, é preciso em primeiro lugar analisar a posição do educador de forma crítica e em conformidade com a realidade, reconhecendo que a motivação e a inclusão não são distintos, sendo na verdade, complementares e indissociáveis.

Primeiro vamos tratar da motivação. Dentre todos os problemas que existem no ambiente escolar, a motivação é o que exige maior esforço, pois é comum aos professores o confronto com alunos apáticos, desinteressados ou que apresentem elevado grau de resistência ao que lhes é ensinado. Muitos professores desistem ou acabam deixando que os alunos o guiem por no final das contas, ser ele o afetado pela desmotivação, quando deveria ser o oposto. Normalmente a culpa é colocada nos alunos, apontados como “a pior sala da escola”, “uma turma sem respeito”, etc. Mas na verdade, isto ocorre por falta de conhecimento e despreparo do professor e não por quaisquer culpas atribuídas à turma, pois é o professor quem é o detentor do conhecimento a ser transmitido, e é ele também quem deve possuir as ferramentas e estratégias para que esta transferência ocorra. O professor deve estar preparado para os problemas que irão surgir e para utilizar-se dos métodos educacionais visando motivar seus alunos.

Entretanto, é aqui onde o despreparo impera. Muitos professores, destituídos do conhecimento dos processos que podem auxiliá-los, agem de acordo com tentativa e erro, como se após algumas atitudes errôneas um acerto as corrigisse. Muitos tentam comprar a motivação da turma, o que segundo o exposto por Diva Maciel é errôneo, já que a recompensa acaba diminuindo a motivação intrínseca. Para motivar nossos alunos, é importante não trabalharmos em cima da motivação extrínseca, pois esta, em longo prazo acomoda os alunos e os foca apenas na recompensa. Eles passam a trabalhar bem apenas em troca da recompensa. Deve-se ao contrário, trabalhar não com a recompensa como estímulo, mas com o elogio, ou o feedback-verbal, pois estimula a motivação intrínseca. Segundo Otero (2003), “são três motivações que se encontram em todas as pessoas humanas, embora em proporções distintas. Se predominar a motivação extrínseca, a pessoa está dependente, de certo modo, das reações dos outros e atua interesseiramente; se predominar a intrínseca, a pessoa pode decidir-se pela ação tendo em vista a sua melhoria pessoal; se predominar a transcendente a pessoa atua pensando ou abrindo-se às necessidades alheias ou à melhoria pessoal dos destinatários da sua atividade”.

Para saber motivar, e o quê motivar, é preciso conhecer os alunos, seus pensamentos, sua cultura, sua realidade, pois assim podemos criar as situações motivacionais a que pretendemos utilizar como impulso para o desenvolvimento psicológico da criança. Tomando como ponto de partida uma sala de aula de crianças carentes da periferia de uma grande cidade, com faixa etária na casa dos sete anos de idade, como motivá-los? Oliveira nos diz que “conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando realmente como um motor de novas conquistas psicológicas. Para a criança que freqüenta a escola, o aprendizado escolar é elemento central no seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2002, p. 61-62).” Ou seja, deve-se trabalhar o que Vigotski definiu como as zonas de desenvolvimento, estimulando através do conhecimento de seu desenvolvimento real o seu desenvolvimento potencial. Tomemos como exemplo um garoto que não sabe desenhar e não tem confiança para fazê-lo (por medo de ser ridicularizado, de ter seu desenho mal avaliado, etc). Em primeiro lugar, não se deve cobrar de uma criança nesta idade um desenho artístico, e muitas crescem sem saber desenhar justamente por em determinado momento ter tido seu desenvolvimento real mal compreendido e por isso, ter recebido cobranças além de sua capacidade naquele momento. Desta forma deve-se elogiar os pequenos avanços da criança, tornando seu desenvolvimento crescente, porém sem saltos bruscos. Sua confiança deve ser estimulada, e para isso não se pode deixar a criança obter grandes fracassos, pois estes desestimulam a autoconfiança. Para se motivar é imprescindível que se estimule auto-estima.

Como citado anteriormente, a inclusão está também vinculada à motivação, pois, não se pode esperar resultado com a inclusão se estes alunos não receberem a devida atenção, com o devido grau de motivação. Um aluno incluído é um aluno que já sofreu algum tipo de discriminação, e em algum momento foi excluído, pois se não o fosse, não seria necessário a inclusão, pois ele já faria parte deste sistema. Desta forma, é necessário que esta inclusão seja realizada de fato, com uma adaptação da escola à realidade destes alunos, e não destes alunos a escola, como o pensamento comum tende a ponderar. Não existe nada mais desmotivador à um aluno portador de uma determinada diferença, que observar a escola onde foi “incluído” sem a menor preocupação de adaptar-se a suas diferenças.

Segundo o texto, “estar na escola é condição necessária, mas não suficiente, para a inclusão. Para estar incluído, é necessário que o aluno esteja participando e construindo conhecimento, isto é, aprendendo e desenvolvendo suas potencialidades. Portanto, outra condição necessária para a inclusão é estar em permanente busca de identificação de barreiras, permanentes ou factuais, que possam limitar, ou mesmo impedir, a inclusão. (Pág 09)”. Para que a inclusão tenha efeito, é necessário trabalhar principalmente em estratégias que visem o trabalho em grupo, o que estimula a visão de igualdade perante as diferenças. “Qualquer que seja a forma adotada para distribuir as atividades ao longo do dia é interessante que o planejamento contemple momentos de participação coletiva de toda a classe, momentos em que cada um trabalhe por si só, e em que os alunos interagem mais intensamente, trabalhando em grupos (Souza, apud FERREIRA, 2002, p. 22)”. Para a educadora Maria Teresa Égler Mantoan, “Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem. Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma. As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam? Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não.”

Portanto, o mais importante de tudo é que para existir uma inclusão de fato, bem como uma permanente motivação dos alunos, deve-se buscar além das estratégias de ensino, da alteração e adaptação de espaços e adaptações curriculares, destruir as barreiras existentes na mente e na atitude de cada um.


REFERÊNCIAS

Maciel, Diva, Processos Motivacionais e Inclusão Escolar: Contribuições à formação do professor de Artes.
Leite, E. C. R.; Ruiz, J. B.; Ruiz, A. M. C.; Aguiar, T. F.; Oliveira. M. R. C. Influência da Motivação no Processo Ensino-Aprendizagem, Akrópolis, 13(1): 23-29, 2005

Nova Escola, <http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/inclusao-no-brasil/maria-teresa-egler-mantoan-424431.shtml> Acesso em 04/07/2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sebastião Salgado



Sebastião Salgado inicialmente formou-se em economia pela USP, mas após uma viagem à África descobriu o gosto pela fotografia. Lançou diversos livros, como : Outras Américas, Sahel: O Homem em Pânico (ambos de 1986), este último, fruto da colaboração com a ONG Médicos sem Fronteiras cobrindo a seca no Norte da África.
Em 1981, se torna mundialmente conhecido, foi o único fotógrafo a registrar a tentativa de assassinato do então presidente dos EUA, Ronald Reagan, fato que lhe rende prestígio e o coloca em evidência. Entre 1986 e 1992, publicou Trabalhadores, uma documentação do trabalho manual em todo o mundo, conseguindo assim confirmar sua ótima reputação de fotodocumentarista. De 1993 a 1999, o desalojamento em massa de pessoas rendeu Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicados em 2000, trabalhos aclamados em todo o mundo. Admirado e reconhecido por seu trabalho, Sebastião Salgado foi prestigiado com os principais prêmios de fotografia do mundo. Fundou em 1994 a agência de notícias “Imagens da Amazônia”.
Contribuiu extensamente com organizações humanitárias como a UNICEF, a Organização Mundial da Saúde, a Anistia Internacional, etc. Atualmente, em um projeto conjunto do UNICEF e da OMS, Sebastião está documentando uma campanha para a erradicação da poliomielite em todo o globo.
Gourma-Rharous. Fotos do Mali (1985)


Sebastião Salgado trabalha apenas com fotos em preto e branco, mas acima de tudo é detentor de um estilo único de fotografia, onde a contraluz é usada sabiamente, instintivamente. Acusado de estetizar a miséria por seus delatores, ele na verdade, usa a miséria como ponto de partida para sua denúncia, pois seu trabalho é antes de tudo jornalístico, “Dizer que faço foto de arte, ah, isso não rola comigo. Porque sou repórter, tenho carteira de jornalista, nossa agência, a Amazonas Images, é de imprensa”.A arte de suas fotos é natural, não intencional.
Ao mesmo tempo em que suas fotos revelam a miséria, revelam também a sua alma, sua visão única de mundo, onde a esperança reflete nos olhos de crianças maltrapilhas, ou como na foto tirada no Hospital Gourma-Rharous em Mali, tirada em 1985, jornalísticamente temos uma mulher velha com as mãos magras sobre a cabeça, como se em desespero e sem resquícios de qualquer esperança. Principalmente se considerarmos o contexto no qual a foto foi tirada. Entretanto, há mais que isso nesta foto. Há nela uma beleza tão graciosa, um equilíbrio tão perfeito que não é difícil a vermos com os mesmos olhos pelos quais olhamos uma Monalisa ou uma Vênus. Entretanto, com uma diferença, estas nos parecem personagens distantes, alegorias, criações e não pessoas reais, o que não ocorre com esta foto. E por isso, há de imediato, simpatia. A mulher é real, poderia estar não em Mali, mas no hospital mais próximo. Poderia ser nossa vizinha, avó ou mãe. A empatia que nasce ao olhar a foto é tão grande que poderia jurar já tê-la visto. Da mesma forma, ocorre-me a que tipo de dor esta mulher já foi vítima. Mãos calejadas, ósseas, unhas compridas e rosto enrugado e pensativo, toda envolta em um pano velho e rasgado.
Esta imagem é melancólica, feia em seu tema de uma mulher decrépita, mas traz consigo uma beleza imensa em sua totalidade, quase como uma poesia visual. Como se nas entrelinhas da composição se escondesse mensagens de esperança, aceitação, de uma felicidade que está para chegar. Ela parece no leito de morte, mas por algum motivo me parece aceitar seu destino de bom grado, como se estivesse apenas esperando o findar de sua missão. Arte é isso, e a beleza desta foto reside no sentimento de proximidade que ela nos causa. Só faltou um crucifixo no peito ou na parede para que eu me ajoelhe, reze e enxuge os olhos após pedir perdão.



Bibliografia Relacionada:


Da Imagem < http://daimagem.multiply.com/photos/album/5/5> Acesso: 26/10/2009
Fotozine <http://www.fotozine.com.br/2009/05/genesis-novo-trabalho-de-sebastiao-salgado.html> Acesso: 26/10/2009
Estadao.com.br <http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art433790,0.htm> Acesso: 26/10/2009
Girafamania.com.br <http://www.girafamania.com.br/montagem/fotografo-sebastiao-salgado.html> Acesso: 26/10/2009
LocalHost Um pouco de tudo <http://www.localhost.com.br/2008/12/apresentando-o-fotografo-sebastiao-salgado/> Acesso: 26/10/2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Enquanto uns dormem...


Banda de Rio Branco no Acre, a Los Porongas, já em seu nome deixa claro sua pretensão artística, explorar a arte e a cultura local de forma autoral. Los, nos remete imediatamente à latinidade espanhola dos vizinhos Perú e Bolívia e Poronga é um típico objeto de uso dos seringueiros da Amazônia, região d’onde floresce a banda. Deste embate, o Los Porongas bem retrata a luta dos seringueiros brasileiros pelo Acre que foi ignorado pelo governo brasileiro e que pertenceu à Bolívia. Seringueiros, personalidades, cidades e mitos, tudo isso, no cadinho cultural de seu repertório, daí minha escolha pelos Porongas como manifestação artística deste trabalho, pois são musicalmente, um dos melhores exemplos representativo das atividades, expressões e saberes da comunidade e da arte acreana.
Como exemplo desta real manifestação artística, temos as próprias letras das músicas dos Porongas, como em Zumbi e Chico (Lhé) “Zumbi e Chico/Palmares e Xapuri/Seus quilombos, seus empates/Suas guerras de mascates/Seus quilombos, seus empates/Suas guerras de mascates” ou na sabedoria colonha de Vovó Alice “Vovó Alice que fazia pão de milho/Para neto e para filho/Pra tudim se alimentar/Vovó Alice seringal sabedoria/Ela me disse que ir pra lua de São Jorge era tolice”. Outro aspecto que me auxiliou à decisão desta escolha está em Gombrich quando diz que o artista deve buscar a meticulosidade em seu trabalho, a mesma que o Los Porongas aplica em sua música. Outro aspecto relevante sobre o Los Porongas é que através de sua Arte procura aplicar como indicava Paulo Freire, a "Arte como instrumento de transformação social”. Como não há exemplo melhor neste momento de artistas acreanos legítimos, o Los Porongas me pareceu perfeito, mesmo que ainda exista alguém que não os julge fazendo Arte, pois como disse Gombrich “Nada existe realmente a que se possa dar o nome Arte, existem somente artistas”, ou, ainda segundo ele “Não existe maior obstáculo à fruição da arte do que a nossa relutância em descartar hábitos e preconceitos”.
Pretendo com a apresentação desta escolha colocar o preconceito à prova e provar que eles também fazem Arte. E se alguém ainda resitir, lembro o artigo “Mas isso é arte?” de Daniela Sandler: “Arte, como outros termos abstratos e complexos, tem significado contigente e sempre em transformação. Muda o que nós entendemos por arte, mas não só isso: muda tudo. Muda a maneira de produzir arte, mudam os artistas, e muda o produto final. Quando o produto muda, muda também nossa maneira de olhar, perceber e reagir. E, por fim, muda o conceito (...)”. Deve ser hora de mudar a si mesmo.

Bibliografia relacionada:
GOMBRICH, Ernst, História da Arte, Introdução
SANDLER, Daniela, Mas isso é arte? < http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=191#topo> Acesso: 25/10/2009

Internet
Site Los Porongas: < http://www.losporongas.com.br/> Acesso: 25/10/2009
My Space Los Porongas: <http://www.myspace.com/losporongas> Acesso: 25/10/2009
Vídeo: Los Porongas - Enquanto Uns Dormem <http://www.youtube.com/watch?v=nEuTC_TwLdk> Acesso: 25/10/2009

O homem do paleolítico vai ao supermercado


A partir da obra "O homem do paleolítico vai ao supermercado" do artista plastico Robert Banksy, podemos concluir que a afirmação [O Paleolítico está cada vez mais longe de nós. O conceito de civilização afastou o “primitivo” e introduziu o “civilizado”] está errada pois a pintura sobre pedra mostra claramente um amálgama de homem civilizado com características primitivas.


Tanto é, que para deixar o moderno comprador mais primitivo o artista colocou em suas costas algumas lombadas ou calombos, como encontramos em jacarés ou dinossauros. É o misto do homem moderno com o primitivo em uma só imagem. Lembremos de Hauser, que afirma “no paleolítico os homens viviam num nível econômico improdutivo e parasitário, tendo de coletar ou capturar seu alimento em vez de produzi-lo”. Nada mais eloquente, afinal, fazemos exatamente isso, não produzimos, coletamos nosso alimento em supermercados! Além disso, Hauser afirma sobre os homens do paleolítico “(...) ainda viviam no estágio do individualismo primitivo, de acordo com padrões sociais instáveis, quase inteiramente desorganizados, em pequenas hordas isoladas, que não acreditavam em deuses, nem na existência de um mundo e de uma vida para além da morte”. Hoje, temos um quadro parecido que não está explícito na obra de Bansky, mas está implícito em sua representação do homem moderno, cuja sociedade, cada vez mais moderna, torna os homens mais individualistas, com padrões sociais instáveis, sem acreditar na existência de Deus ou na vida após a morte.


Portanto, fica claro que a obra retrata não o homem primitivo em um ambiente moderno, mas o homem da atualidade, que cada vez mais moderno, se aproxima mais de sua essência primitiva.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Companhia de Jesus e sua relação com a prática do teatro no Brasil

Após o século XVI, Portugal iniciou o processo de colonização do Brasil, como havia o interesse de se catequizar os índios, os Jesuítas (Padres da Companhia de Jesus) trouxeram sua fé até os índios, e com ela, sua cultura, literatura, e também, o teatro. Encontraram junto aos índios, uma grande predisposição natural para a música e a dança, além os rituais de seu povo. Não tardou para que assim, o povo indígena tivesse seu contato com o teatro português, que tinha à época um caráter pedagógico e acima de tudo bíblico. Tudo isso graças, principalmente, ao Padre Anchieta, autor entre outros de “Auto de Pregação Universal”, escrito entre 1567 e 1570.
Os autos sacramentais continham caráter dramático e tinham sempre uma abordagem impregnada de elementos cristãos da catequese, com um fundo moralista e didático. Além dos autos, o presépio, que passou a ser parte das festas folclóricas foi também introduzido pelos jesuítas no país.
O teatro era muito utilizado com este fim por diversos motivos, entre eles, a já citada predisposição dos índios e pela eficiência de uma representação, que era mais eficaz que os sermões tradicionais. Usando a cultura indígena como tema, com o propósito de atingir os índios, as primeiras representações foram escritas pelos Jesuítas, abordando coisas que eram próprias de sua cultura. Obviamente, inserindo os dogmas da Igreja e usando muita hagiografia (biografia ou escritas dos santos. Nas peças era comum representar personagens santos, demônios, ou apenas representações simbólicas, como a Ira de Deus sobre os pecadores, o temor a Deus, a santidade dos atos, etc. o teatro escrito e apresentado pelos jesuítas foi também usado no combate à antropofagia e personagens femininos eram proibidos (exceto santas). Até 1584 estas peças eram escritas ainda em português (e até em Tupi), mas a partir de então, passaram a ser escritas em latim.
Após a consolidação da obra missionária dos jesuítas no séc. XVII, as peças escritas por membros da Companhia de Jesus começaram a escassear, culminando com um declínio no teatro dos jesuítas e passam a depender de ocasiões especiais em festas religiosas ou cívicas para serem realizadas.
Referências Bibliográficas:
TAVARES, Célia Cristina da Silva, Os Jesuítas no Brasil, < http://bndigital.bn.br/redememoria/ciajesus.html> Acesso: 05/10/2009
Primórdios do teatro no Brasil: a catequese <http://estudosdeteatrobrasileiro.blogspot.com/2008/04/teatro-como-catequese-o-primeiro-passo.html> Acesso: 05/10/2009
O teatro no Brasil<http://www.sistemaodia.com/blogs/o-teatro-no-brasil-12490.html> Acesso 05/10/2009
ARNAUT DE TOLEDO, Cézar de Alencar, RUCKSTADTER, Flávio Massami Martins, RUCKSTADTER, Vanessa Campos Mariano, O TEATRO JESUÍTICO NA EUROPA E NO BRASIL NO SÉCULO XVI < http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_031.html> Acesso em 05/10/2009

domingo, 22 de novembro de 2009

TV anos 60

Este trabalho não foi para a UNB-UAB, mas para a UFAC, onde curso comunicação social/jornalismo. Ficou razoável... muitos contratempos... muitos... UFA(c)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Conceituando o que é arte

Segundo a introdução do livro História da Arte, de Ernst Gombrich, “Não existe realmente a que se possa dar o nome Arte. Existem somente artistas (pág.01).” Esta idéia, que resume bem o raciocínio que se segue, hoje , após a leitura atenciosa do texto faz sentido para mim, mas até então não a considerava tão verdadeira. Acreditava que, Arte era passível de definições claras e inequívocas, com certa predisposição ao maniqueísmo, é arte ou não é arte.

Mas Gombrich deixa claro que existem muitas tonalidades de cinza entre o “chiaroescuro”, e a arte está sujeita a mais definições errôneas ou incompletas do que imaginamos e que é extremamente fácil cair no erro de acreditar que a arte deve se orientar apenas pelo belo. Gombrich cita exemplos perfeitos da arte que repudia, causa ojeriza, se afasta do belo, sem no entanto deixar de ser arte ou de ter sua própria beleza. Exemplos como o quadro da mãe de Albrecht Dürer, que é fascinante por retratar mais que um rosto, indo até o âmago do artista e da retratada. Para mim, até então, arte era um tanto vinculada à beleza, onde não havia aprendido ainda a separar a beleza da obra com a beleza de seu tema, como Gombrich afirma: “De fato não tardaremos em descobrir que a beleza de um quadro não reside realmente na beleza de seu tema (pág 04)”.

Além disso, o autor também alude ao fato de que os padrões de beleza e os gostos variam muito. Esta regra é válida para a época, a cultura, os povos e ao olhar único que cada um lança sobre as coisas. Antes, acreditava que poderia existir um padrão estético universal, algo que fosse capaz de agradar a todos. Nem o Jesus de Toscano nem o de Guido Reni agradou a todos (e nem o da Bíblia), o que deixa claro que este padrão universal jamais existirá, e cada obra será vista de uma forma diferente por cada pessoa.

Segundo Gombrich, os artistas principiantes costumam cometer um erro ao qual já cai algumas vezes “Querem admirar a perícia do artista em representar as coisas tal como eles as vêem. Gostam mais de pinturas que “parecem reais”.” Erro comum. Principalmente se levarmos em conta o grau de desenvolvimento para a compreensão da arte e do que o artista desejou exprimir com sua obra. Uma criança não verá da mesma forma que um adulto, do mesmo modo, um camponês da idade média não entenderia a arte como um boêmio carioca. Por isso, é irrelevante se a obra é realista ou não, se apresenta muitos detalhes ou se é expressa em poucas linhas como no traço vigoroso do elefante de Rembrant ou as formas caricatas do galo de Picasso. Ninguém pode negar que se assim desejasse, ambos poderiam ter realizados desenhos bem mais complexos e “realistas”, mas a forma pela qual expressaram, foi a melhor para aquilo a que se propuseram. Após analisar as comparações tecidas por Gombrich no decorrer das páginas, não consigo mais me ver julgando a qualidade de uma obra apenas por seu aspecto “realista”. Outro aspecto importante que é ressaltado por Gombrich é com relação aos erros de interpretação aos quais estamos sempre sujeitos. Nisto, o exemplo dos cavalos apresentado por ele, é perfeito. E às vezes o erro está tão absorvido pela nossa mente que mesmo depois quando nos defrontamos com ele, não aceitamos a realidade. Foi o que ocorreu quando com o advento das fotografias mostrou-se a forma correta do galope dos cavalos. Quem se dispôs a corrigir o trote, caiu do cavalo e não foi bem recebido “(...)choveram reclamações de que as imagens pareciam esquisitas, erradas (pág. 14)”. Quantas vezes não agimos assim? Acreditando que não estamos sujeitos à falhas de interpretação da realidade? Com a leitura destes poucos exemplos, tenho certeza que estarei um pouco mais atento para não acreditar que meus cinco sentidos sempre me mostram o mundo como ele é, pois afinal, na maioria das vezes o que ocorre é o contrário, pois tão limitados somos que nossa interpretação da realidade nunca poderá ser mais que isso, interpretação.

Entretanto, uma das lições mais valiosas aparece quando Gombrich afirma “Não existe maior obstáculo à fruição de grandes obras de arte do que nossa relutância em descartar hábitos e preconceitos”. Esta idéia confirma o anteriormente afirmado e nos leva a novos questionamentos. Ele cita exemplos eclesiásticos, onde as criações humanas como as feições de Jesus nos quadros foram absorvidas como verdades eternas e imutáveis, chegando a constituir blasfêmia duvidar do que se tornaram como representação da realidade. Citou o exemplo contundente de Caravaggio, que teve de se autocensurar e refazer usa obra, perdendo no mínimo, a essência da idéia original... “Esta história retrata bem o dano que pode ser causado por aqueles que repudiam e criticam obras de arte pelos motivos errados (pág 18)”. Quantas vezes não agimos assim? Ser apresentado a este exemplo de Caravaggio alterou o modo pelo qual via esta questão, que achava sem importância. “Gosto é gosto, quem não gosta azar” costumava pensar. Mas a questão vai um pouco além como pudemos perceber claramente.

E por fim, a meticulosidade adquiriu uma nova forma para meus olhos. Segundo ele, a meticulosidade, tão chata no seu uso diário, para o artista, acaba sendo o que poderá distinguir o bom do “sublime”. E por isso, desde já, estou pensando em como transpor a minha meticulosidade (tão criticada pela minha esposa) para o campo da arte. E, não menos importante que tudo que foi destacado até aqui, também me impressionou é a forma fria com que algumas pessoas olham a arte, tentando rotulá-la, limitá-la, resumi-la a notas de rodapé em catálogos de arte no que ele definiu como semiconhecimento ou esnobismo. Segundo o autor, até mesmo um livro como o dele pode ajudar a incutir esta atitude em alguém. Pelo menos com relação à mim Gombrich pode ficar tranqüilo, entendi sua mensagem.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pensar é desejar

Rinaldo Voltolini é psicanalista é professor doutor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, e traz em seu texto “Pensar é desejar”, um enfoque analítico sobre Freud e sua contribuição ao conhecimento.
Segundo o autor, Freud desconhece ou trata superficialmente o tema do conhecimento ou inteligência, o que já fica implícito no ambíguo subtítulo “Freud e o conhecimento e o desconhecimento de Freud”. Voltolini tenta tecer seu texto elogiando o trabalho de Freud, que ele chama de “um incansável operário da razão, defensor das "luzes", militante no combate às ilusões” e a psicanálise, não deixando, entretanto, de deixar claras as limitações de Freud quanto ao assunto principal de seu texto, o conhecimento, a inteligência. Voltolini não deixa de citar o primado do eu sobre o objeto, que seria nada menos que nosso próprio reflexo e transcorre sobre o assunto através de seus subtítulos, aprofundando um pouco mais a medida que os cita em diferentes analogias.
O texto culmina com o que há mais de popular no pensamento de Freud, a sexualidade e seu simbolismo. Aliás, segundo Voltolini “o essencial na forma de Freud abordar a questão do conhecimento talvez esteja mesmo naquilo que ele demonstra ser o selo distintivo da condição humana em relação à existência animal: o simbólico”.

domingo, 8 de novembro de 2009

Domingo no Parque - Gilberto Gil

(Clique na imagem para ampliar)

Representação da música "Domingo no Parque" do Gilberto Gil, em forma de uma história em quadrinhos realizada pela turma do curso de Artes Visuais da UNB. Ainda não é o trabalho final, pois ainda falta um desenho do trecho 4 da música. Enquanto não tenho o desenho, coloco em seu lugar o trecho correspondente.


Domingo no Parque
Gilberto Gil

TRECHO 01
O rei da brincadeiraÊ, José!O rei da confusãoÊ, João!Um trabalhava na feiraÊ, José!Outro na construçãoÊ, João!...

TRECHO 02
A semana passadaNo fim da semanaJoão resolveu não brigarNo domingo de tardeSaiu apressadoE não foi prá Ribeira jogarCapoeira!Não foi prá láPra Ribeira, foi namorar...
O José como sempreNo fim da semanaGuardou a barraca e sumiuFoi fazer no domingoUm passeio no parqueLá perto da Boca do Rio...

TRECHO 03
Foi no parqueQue ele avistouJulianaFoi que ele viuFoi que ele viu Juliana na roda com JoãoUma rosa e um sorvete na mãoJuliana seu sonho, uma ilusãoJuliana e o amigo João...
O espinho da rosa feriu Zé(Feriu Zé!) (Feriu Zé!)E o sorvete gelou seu coraçãoO sorvete e a rosaÔ, José!A rosa e o sorveteÔ, José!Foi dançando no peitoÔ, José!Do José brincalhãoÔ, José!...
O sorvete e a rosaÔ, José!A rosa e o sorveteÔ, José!Oi girando na menteÔ, José!Do José brincalhãoÔ, José!...

TRECHO 04
Juliana girandoOi girando!Oi, na roda giganteOi, girando!Oi, na roda giganteOi, girando!O amigo João (João)...
O sorvete é morangoÉ vermelho!Oi, girando e a rosaÉ vermelha!Oi girando, girandoÉ vermelha!Oi, girando, girando...

TRECHO 05
Olha a faca! (Olha a faca!)Olha o sangue na mãoÊ, José!Juliana no chãoÊ, José!Outro corpo caídoÊ, José!Seu amigo JoãoÊ, José!...
Amanhã não tem feiraÊ, José!Não tem mais construçãoÊ, João!Não tem mais brincadeiraÊ, José!Não tem mais confusãoÊ, João!...