sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O (novo) papel dos educadores

No Brasil o papel dos educadores nunca foi bem definido, sobretudo no que tange ao ensino de artes, onde reside uma classe de educadores menosprezada e frequentemente tratada como desnecessária. Mas hoje, quando os professores e o próprio ensino de artes passam por uma reavaliação de sua utilidade e de sua permanência nos currículos escolares, os futuros professores de arte forçam-se a buscar respostas a esta questão, pois definir qual o papel dos educadores é o primeiro passo para assegurar a permanência do ensino da arte nas escolas e na cultura brasileira.
Como aponta Alarcão (2.000) “nos discursos oficiais, é unanimemente reconhecido que a educação é fonte de desenvolvimento humano, cultural, social e econômico. E que, nesse desenvolvimento, os professores e a escola desempenham um papel fundamental”. Educar vai além de seguir cartilhas, apresentar desenhos para colorir ou pintar a cara no Dia do Índio ou seguir a escola reprodutivista que Boourdieu (1975) cita como a perpetuação de uma reprodução igualitária e de dominação. É preciso rever os processos que pretendem levar conhecimento aos alunos, expandir as alternativas, pois “o contato com a experiência de novas possibilidades introduz o auto-questionamento, abre caminho a uma dimensão reflexiva e impede o encerramento de cada comunidade historicamente dada dentro de si própria, numa familiaridade autista com os elementos da sua cultura e da sua tradição (CORREIA, s.d., p.06)”. Entre estas novas possibilidades está a nova realidade tecnológica, que deve ser pensada e utilizada pelos educadores como ferramentas e não como ameaças ao (bom) estudo, mas também, e principalmente não estar fechado à possibilidade de transformação interior. Como aponta Vieira (1999): “(…) a inovação pedagógica implica modificações da cultura pessoal do professor”. Este novo perfil dos educadores, amparados nesta visão tecnológica torna-os atualizados no contexto do pós-modernismo e suas implicações para a educação.
Desta forma, os educadores têm a obrigação de intermediar na construção do conhecimento do aluno, ajudando-o a construir, reconstruir, desenvolver a auto-estima, ensinar a criticidade e auto-crítica, trabalhar os novos campos do saber e as novas formas de expressão. É necessário ao educador atribuir-se o papel de motivador e de exemplo ético. São estas atitudes que farão destas crianças os novos educadores de nossa sociedade e serão eles que definirão qual será o novo papel do educador, pois “O caráter da educação resulta do caráter da sociedade que a ministra e não o contrário, como ainda hoje pensam muitos educadores e pessoas mais ou menos desprevenidas. A educação, a instrução, a cultura são funções da sociedade, e não o contrário”(LEMME,1961, p. 21).

Bibliografia relacionada:
Barbosa, Ana Mae, Arte-Educação no Brasil,Realidade hoje e expectativas futuras
Rodrigues, Lylian, Papéis sociais na contemporaneidade: casos de alunos e professores http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1547-1.pdf > Acesso em 11/07/2009
Roca, Maria Eugênia C. de La, Educador da Infância e sua ação pedagógica na atualidade. VI SEMINÁRIO DA REDESTRADO- UERJ
Honey’s, Carol, Blog. < http://carolhoneys.blogspot.com/2008/05/o-papel-do-educador-e-as-novas.html> Acesso em 11/07/2009

sábado, 10 de outubro de 2009

Sites legais:

IDETI - http://www.ideti.org.br/
IDETI é a sigla para Instituto das Tradições Indígenas, uma ONG criada com o objetivo de proteger, resgatar, divulgar e promover a cultura e o conhecimento dos povos indígenas do Brasil. Como diz Wabuá Xavante "Ninguém respeita aquilo que não conhece. Precisamos mostrar quem somos, a força, a beleza, a riqueza da nossa cultura. Só assim vão entender e admirar o que temos." E o site do IDETI segue esta mesma proposta.
Entre suas seções, encontramos a “Projetos”, onde encontramos além de suas descrições, os resultados. Outra seção de fundamental importância é “Diversidade”, onde encontramos descrições dos povos indígenas relacionados ao IDETI bem como de suas culturas. E, para finalizar, vale uma passada em “Serviços”, onde encontramos detalhes de serviços e atividades que visam divulgar a cultura indígena, como exposições, palestras e oficinas.
Na verdade, um site institucional, bem construído, com recursos simples em flash, mas com ênfase em seu bem mais valioso, o conteúdo. Infelizmente o escopo do site é limitado às aldeias associadas ao IDETI, pois se expandisse seu leque para outras das diversas etnias brasileiras, seu conteúdo seria ainda mais rico e evidenciaria ainda mais a sua missão “Fortalecer a identidade e a diversidade dos povos indígenas de nosso país”.

Funai - http://www.funai.gov.br/
Para quem deseja conhecer um pouco mais das várias etnias indígenas do Brasil, o site da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) é um bom início, já que ela é um órgão governamental que visa estabelecer e executar a Política Indigenista no Brasil.
Entre as várias informações disponíveis destaca-se a seção “Índios do Brasil”, onde encontramos informações específicas sobre povos, terras e demarcações, músicas indígenas (com descrição e trechos de algumas em MP3 para se ouvir), História e política indigenista e alguns personagens históricos ligados ao tema indígena como Marechal Rondon. Outra seção de destaque é a “Galeria de Fotos”, onde encontramos uma vasta quantidade de fotos das mais diversas ocasiões, como Semana do índio, Fórum Social Mundial em Belém do Pará, etc. Vale ressaltar que as fotos são todas muito bem tiradas e com boa qualidade de visualização na internet.
Enfim, é site rico em conteúdo, mas a parcialidade é seu ponto fraco, pois por ser governamental não é possível encontrar nele uma visão menos romantizada da situação indígena, ainda hoje sofrendo com muitas questões em aberto que não mostradas em sites ligados a órgãos governamentais, pois ferem a imagem de bons serviços prestados.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Transdisciplinaridade

Como deixa claro Basarab Nicolescu, o prefixo trans, indica que a transdisciplinaridade deve estar entre as disciplinas, mas ao mesmo tempo permeando, através, além, o que significa que a transdisciplinaridade, ao contrário de outras disciplinaridades se processa através de um sistema total, onde é necessário que exista um pensamento organizador que ultrapasse as disciplinas.
Para o professor, é essencial uma visão e uma postura calcada na prática transdiciplinar, mas ainda vivemos sob princípios fortemente influenciados pela fragmentação dos conhecimentos ocorrida com a revolução industrial, e por isso, o professor deve abandonar o reducionismo que tem pautado o conhecimento científico desde então e agir interagindo de forma máxima entre as disciplinas, porém, respeitando a individualidade de cada uma, sem transformar este amálgama em uma única disciplina.

Para Morin (2004), “a ciência nunca teria sido ciência se não tivesse sido transdisciplinar”, entretanto, a transdisciplinaridade está além de uma simples diversidade de técnicas e recursos. Segundo Roudinesco (2000), a psicanálise tornou-se, no século passado, o emblema das explicações contemporâneas da subjetividade, permitindo o diálogo com outros campos de saberes, Gerber (2005) fez uma comparação entre os pilares da transdisciplinaridade e a postulação de Freud sobre o inconsciente, admitindo a Psicanálise como pioneira no transdisciplinarismo. Outros, como Chaves (1998) e os pesquisadores da UFF, Gilson Saippa e Lilian Koifman colocam-na a serviço da saúde, onde afirmam que "O momento da clínica é necessariamente transdisciplinar" . Devido à sua natureza não segregada, pode-se e deve-se aplicar a interdisciplinaridade a qualquer área.

Como afirmou Morin; “O objetivo do conhecimento não é descobrir o segredo do mundo, mas dialogar com o mistério do mundo”. Niels Bohr (prêmio Nobel de Física em 1975) afirmou: “O problema da unidade do conhecimento é intimamente ligado à nossa busca de uma compreensão universal, destinada a elevar a cultura humana”. Podemos então, concluir que transdisciplinaridade transcende a qualquer rótulo, reduconismo ou generalizações.

Referências

MOTA, JANAÍNA. A Complexidade e a Transdisciplinaridade.
ALMEIDA, INÊS MARIA DE. Transdisciplinaridade.
SANTOS, AKIKO. O que é Transdisciplinaridade. Publicado no periódico Rural Semanal, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, I parte: na semana de 22/28 de agosto de 2005; II parte: na semana de 29/04 de setembro de 2005.
RIBEIRO, OSWALDO LUÍZ. Complexidade e Transdisciplinaridade. Disponível em: <http://www.ouviroevento.pro.br/index/carta_da_transdiscipliradidade.htm#Declaracao%20de%20Veneze>. Acesso em 24 de Maio de 2009.
BONILLA, JOSÉ A. O novo paradigma: Transdisciplinaridade. Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos909/novo-paradigma-transdisciplinaridade/novo-paradigma-transdisciplinaridade.shtml>. Acesso em 30 de Maio de 2009.
LAPPIS. ORG. Transdisciplinaridade: Entrevista com Gilson Saippa e Lilian Koifman. Disponível em: < http://www.lappis.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=25&infoid=494> Acesso em 31 de Maio de 2009
WIKIPÉDIA. Transdisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Complexidade. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Transdisciplinaridade>. Acesso em 25 de Maio de 2009

Auto-retrato Colorido



Havia feito meu auto-retrato em um exercício de Artes Visuais 1 , resolvi então complementá-lo com cores e alteraçõies no cenários por intervenções computadorizadas.


Este desenho é apenas para que se possa comparar o original, feito com caneta preta, de uma só tacada com a versão acima.

sábado, 3 de outubro de 2009

Galerias Virtuais

(Caso a Rádio Stay Rock esteja ligada, clique na pausa para ouvir!)

Adicionar imagem

Esta entrevista é do Hyperlink, um programa veiculado na Rádio UFMG Educativa 104,5 FM. Peguei este trecho de entrevista e postei aqui no blog por falar de um assunto que estamos estudando, as galerias virtuais. Para ficar um pouco mais interessante, peguei algumas imagens do curso, algumas pinturas, pinturas digitais, alguns desenhos meus e coloquei tudo junto à entrevista. Só para ilustrar mesmo. Assim enquanto ouvimos vamos nos distraindo com as imagens...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Guerra do Fogo


O filme franco-canadense “A Guerra do Fogo” de Jean-Jacques Annaud é em uma visão superficial, uma história sobre homens-primatas de tribos diferentes digladiando-se por causa do fogo. Entretanto, em uma análise mais aprofundada, percebemos que há muito mais que isto por baixo dos grunhidos e rosnados destes ancestrais do homem moderno.
Encontramos no filme várias questões a se analisar, tais como as relações afetivas, a evolução tecnológica, descobertas científicas (como a “fabricação” do fogo), as relações entre o ser e o meio, entre outras, mas principalmente com relação à linguagem. Fica claro no transcorrer do filme a diferença entre a comunicação dos grupos, onde um se comunica a base de grunhidos, gestos agressivos e urros, enquanto o outro já possui uma comunicação mais evoluída. Nestes grupos, é evidente também a forma distinta de encarar os processos naturais, já que o primeiro trata o fogo como “sobrenatural”, sendo mais escravos dele que seus senhores, o que ocorre ao contrário com a outra tribo, capaz de criá-lo naturalmente. O aspecto sócio-afetivo do filme também fica evidenciado no relacionamento inter-tribal que acaba ocorrendo, mostrando um desenvolvimento sexual e afetivo entre macho e fêmea. No início, os relacionamentos foram mostrados de forma grosseira, animalesca, sem o menor grau de humanização. Entretanto, após o desenvolvimento do relacionamento citado, foi-se aos poucos, evidenciando o alvorecer de uma nova perspectiva sexo-afetiva, retratada em diversos momentos, principalmente quando descobrem o sexo “realizado pela frente”, o olho no olho é o primeiro indício desta nova perspectiva.
Com tudo isso, fica claro que a busca pelo fogo empreendida serve apenas como pano de fundo para diversas questões antropológicas, todas elas girando inicialmente em torno do fogo e de sua preservação, mas depois, indo além, e tornando possível pelo simbolismo de sua busca, trabalhar em um filme “semi-mudo” a verdadeira proeza alquímica do fogo, a transformação.