quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Carnarock



Por Fábio .G Carvalho Ferreira
Fotos: Priscilla – Schauspielerin/André Atomic Beer

Ocorrido em 06 de Fevereiro, o Carnarock em Rio Branco no Acre foi um belo exemplo do que o heavy metal está se tornando no Estado. Um cenário em constante amadurecimento, com um espantoso crescimento e elevado profissionalismo.

A Atomic Beer primeira banda a se apresentar me trouxe um profundo sentimento nostálgico à mente, pois fui surpreendido por um som calcado no thrash dos anos 80. A banda intercalou sons próprios bem interessantes com covers acertados de Slayer, Exodus e até do saudoso Anthares. Ótima surpresa. Na sequência tivemos a Survive, banda que representou o Acre na seletiva do Wacken em SP numa apresentação bastante elogiada, e que a cada show mostra mais garra e energia. Além das músicas do seu EP a Survive também apresentou algumas músicas que se encontram em pré-produção para seu CD Destroy & Revolutionize que em breve deverá surpreender a muitos.

Em seguida foi a vez da Raw Ride, banda formada por remanescentes da Dream Healer, e que aproveitaram o show para apresentar o recém lançado MCD The Haunt. A banda tocou entre outras as músicas constantes no MCD, com destaque para a auto-intitulada Raw Ride. Após a Raw Ride justamente a Dream Healer, uma das mais tradicionais bandas do estado fez um show de retorno às atividades, já que a banda estava parada há algum tempo. Infelizmente este retorno foi prematuro, a banda ainda carece de um vocalista melhor preparado para a proposta da banda e/ou de um pouco mais de ensaio. É muito bom ver as pessoas retornando à batalha mas as vezes é melhor esperar pelo momento certo para isso, e não me pareceu este o caso. Em seguida tivemos outra tradicional banda acreana, a Fire Angel, que fez um bom show, com destaque para o carismático vocalista “Joãozinho” e para a veia maideniana. Embora acredite que a banda ideal para anteceder o Andralls fosse a Survive, a Fire Angel não deixou por menos e preparou bem o público para os paulistas. Já com relação ao Andralls, este foi o segundo show que vi da banda, o primeiro foi em Poços de Caldas Minas Gerais há pelo menos sete anos, na época do lançamento do Force Against Mind, e embora a formação esteja diferente a banda mais uma vez arrebentou. Desta vez os destaques foram o clássico Andralls on Fire e as novas músicas, que farão parte do novo CD da banda, e que mantendo a tradição de seu “Fasthrash” colocou a galera pra bangear. Encerramento perfeito. Haveria ainda outra banda que não tocou, a Wildchilld, e pelo que deu para perceber nem o organizador sabia que não tocariam, mas o problema foi rapidamente resolvido sem dificuldades. Fica para a próxima conferir o som dos caras. Além disso, antes da apresentação do Andralls, foi realizada também a eleição da Musa Carnarock, que teve um inusitado porém justíssimo resultado para a representante da banda Survive.

Além dos shows, vale ressaltar o bom trabalho da organização, que soube driblar todas as dificuldades de se fazer metal em um Estado tão distante e assim brindar o público acreano com mais este grande evento. Sempre comparei o atual cenário de heavy metal do Acre com o que ocorria no Brasil como um todo nos anos oitenta, pois, esta foi a época em que o profissionalismo começou a sobrepujar o amadorismo, entretanto sem perder deste o mais puro e fiel espírito underground. E hoje, vejo o mesmo ocorrer no Acre, onde encontramos facilmente o melhor de ambos os lados, a garra dos anos oitenta e o profissionalismo da atualidade. E isso vai ficar comprovado de vez em breve, pois no II Abril True Metal, ninguém menos que Blaze Bayley vai descobrir também que o Acre existe, e vai encontrar uma legião de fãs ávidos por metal no primeiro show internacional de metal no Acre, eu estarei lá!.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Acredite, o Acre Existe

Estou cansado de São Paulo, desta fumaça, deste trânsito infernal, da violência... Se meus avós não houvessem saído do Acre para fazer fama e fortuna aqui eu preferiria morar lá por aqueles lados.

Sou a terceira geração aqui e até agora nada de fama e muito menos fortuna. Minha família continua sofrendo tantas mazelas quanto meus bisavós acreanos e tataravós cearenses, embora hoje, as mazelas sejam outras. Minha mãe dizia que no Acre eles viviam em contato com a natureza, plantando a própria comida, tomando chá de cipó com os índios Kaxinawás, ou Apurinãs, não tenho certeza, as tradições se perdem... E aqui, na selva de pedra, as informações chegam um pouco deturpadas. Semana passada, na escola, me disseram com tanta veemência que o Acre não existia que quase acreditei. Os argumentos de meu amigo Leal eram tão consistentes que cheguei a duvidar das histórias passadas por minha avó à mãe, que por sua vez passaram a mim, que deveria passá-las a meus filhos. Mas o Leal foi tão enfático! Como passar tradições que não consigo mais acreditar? É como tentar ensinar que Papai Noel Existe e usa a roupa da Coca-Cola. Quem acreditaria? Depois acabei tomado pelo bom senso e dei algum crédito aos livros de Geografia, afinal não podiam estar tão errados assim sobre a existência de um lugar em nosso próprio solo sagrado. Se ainda dissessem que o Butão não existe ou o Turcomenistão vá lá, mas o Acre é logo ali, deve existir, ou não? A semente da dúvida foi plantada, mas minhas obrigações desviaram meu pensamento para coisas mais próximas e na falta de terreno fértil a dúvida murchou.

Mas foi só a época das provas passarem e as férias chegarem que a semente germinou e ressurgiu com força tão devastadora quanto os ventos que teoricamente teriam destruído o Aeroporto de Rio Branco há alguns dias. Aqui cabe outra ressalva, vi na internet que o furacão que destruiu o delta do Blues Americano passou no Acre e destruiu o Aeroporto de Rio Branco, carregando pessoas e vacas por quilômetros, como no Mágico de Oz. Me pareceu bem exagerado, ainda mais levando em conta que o Acre não existe realmente. Ou existe? De qualquer forma, a internet têm me perturbado com esta história. Ou dizem que o Acre não existe ou mostram coisas tão estapafúrdias que ninguém em sã consciência acreditaria na existência daquele lugar. Disseram pela internet que no Acre o aeroporto é feito de uma espécie de palha tecida pelos índios (mas também disseram que os ventos levaram o telhado de aço do lugar), afirmaram que o homem branco quando chega ao território deve se vestir e se pintar como os índios ou será comido na Praça Plácido de Castro. Não sei se literalmente, por canibalismo ou se há alguma outra conotação nisso, pois muita gente brinca com o herói acreano por ele ser gaúcho pela internet. E também pelo que me consta os índios do Acre não são canibais, ou pelo menos os que eram deixaram de ser. Isso caso o Estado exista. E deve existir, pois quem diz que ele não existe nem sabe que deixou de ser território quando sabem de tantas histórias “munchausenianas”.

Não bastasse isso, ainda dizem que naquela terra perdida ainda existe rock, que tem até banda de heavy metal. Será? Na internet elas existem. Soube até de bandas que executaram garotas virgens no palco de um tal Feliz Metal em honra aos deuses indígenas. Eu como fã de heavy metal fui mais uma vez ligado á estas lendas urbanas do Acre. Mas dizem que lá só tem mato, assim o Mapinguari aqui em São Paulo seria lenda urbana, mas lá é lenda florestal, pelo menos assim entendo esta história de florestania que vem daqueles lados, deve ser por isso. E agora, fiquei sabendo de uma tal Floresta Digital que foi criada por lá. Começo a me perguntar o que seria isso. Sou muito ligado à tecnologia também, e começo a remexer meus neurônios neste quebra cabeça. Será que finalmente vamos revelar que a Matrix do filme realmente existe? A Floresta Digital só pode ser isso, uma falha da Matrix, daí haver tantas histórias contraditórias sobre o lugar inexistente. Talvez ele exista, mas apenas no mundo virtual, no Twitter, Orkut e myspace de bandas inventadas pela Matrix.

Aqui pela internet verdade não chega, por mais que eu vasculhe o mundo digital em busca de provas, não consigo nada que realmente prove que o lugar exista. Nenhum amigo que já foi lá ou amigo de um amigo. Nem mesmo um amigo que viu uma foto de lá (sem contar as da internet e de livros e revistas que são falsificações grosseiras como as do Monstro do lago Ness. Nada, nenhuma prova. Então o jeito é aproveitar minhas férias e tirar a prova. Vou à busca da verdade, custe o que custar, como diria o Marcelo Tas se algum dia sonhasse em ir até lá. Talvez ele sonhe, por isso, vou primeiro. Quero ser o primeiro homem a ir ao Acre, colocar minha bandeira no centro da cidade como os americanos fizeram na lua (se é que fizeram, li sobre isso na internet também) tirar fotos de seus rituais indígenas e descobrir se o Aeroporto é mesmo de palha ou se só está coberto com palha por causa dos ventos que carregaram as vacas das fazendas próximas.

Estou viajando nas histórias da internet. Melhor colocar os pés no chão. Realmente acho que o Acre exista, embora ele deva ser mesmo uma espécie de grande tribo na Floresta Amazônica. Quero mesmo ir pra lá, pois vai ser bom tirar férias das alagações de São Paulo e me afastar desta vida tecnológica que vai ficando cada dia mais invasiva e necessária. Em São Paulo não dá para ficar sem internet, vou me afastar disso, descansar, esquecer que o mundo virtual existe. Até o heavy metal vai descansar um pouco em minhas veias, vou ouvir os pássaros, cigarras e os grilos no Acre, onde há floresta, Tucumã e Seringal e não concreto, fumaça e buzina.

Fui. O Acre existe. O aeroporto não é de palha (pelo menos não o da capital), embora muitas tábuas estejam há alguns meses pregadas onde deveria existir janelas e lonas estejam no teto que deveria ter telhas de aço. De fato os ventos foram fortes e causaram estrago, mas nada como noticiado por aí, só não entendo como um Aeroporto de capital não tem dinheiro para colocar logo os vidros e telhas no lugar, esta improvisação no cartão postal de chegada da cidade ficou realmente estranho.

Não vi índios em minha chegada ao centro. Por incrível que pareça “nenhumzinho” pra contar história. Apenas alguns em telas de um pintor local que expõe suas obras em uma galeria de dois andares que chamam de Shopping. A Praça, onde deveria encontrar cabanas indígenas, só tem barraquinhas de artesanato e comidas típicas. O Tacacá é realmente uma delícia, e o Açaí é de fazer inveja aos paulistanos que já provaram a iguaria por aqui, onde é quase uma água de tão fino. A baixaria no mercado é ótima, embora baixaria lá não seja mais que um prato típico, ao contrário daqui, onde é sinônimo de bagunça, de brigas de casais corneados e coisas assim. Prefiro a baixaria de lá, e de preferência no mercado do Bosque. Ah sim, Bosque é só o nome do bairro, dizem que lá tem um tal de Parque Chico Mendes (o Ibirapuera de lá) e um Horto, mas nem vi, a cidade tem tanto concreto quanto nós e em meio à ele nem vi a dita florestania.

O heavy metal por lá também existe, quem diria, e pasmem, com show internacional chegando... Blaze Bayley, o antigo vocalista do Iron Maiden estava estampado em cartazes pela cidade... E eu que achava que nem eletricidade chagava por lá... Aliás, chega mal, mas chega, vai de Porto Velho pelos linhões que acompanham as estradas. Se cortar um já era, o Acre apaga geral. O engraçado é que dias antes de voltar para São Paulo descobri o que era a tal Floresta Digital é nada menos que uma internet banda larga gratuita, que deverá cobrir todo o Estado, o que faz do Acre o primeiro Estado brasileiro a ficar totalmente coberto pelo sistema. E eu que duvidava da existência do Estado... É claro que lá descobri que realmente existem aldeias indígenas (algumas até isoladas, virgens de civilização), mas também descobri para meu espanto que muitas destas aldeias já tinham acesso à internet antes mesmo desta Floresta Digital. E eu que achava que os índios acreanos comiam gente em praça pública. O máximo que encontrei de exotismo foram os gringos se pintando de vermelho e tomando agulhadas de Kambô, uma espécie de remédio retirado de um tipo de sapo por pajés. Mas isso nos lugares certos, no geral, é um lugar comum, como qualquer outro, com contrastes, problemas e belezas.

Agora quando alguém lhes afirmar que o Acre não existe podem dizer com ênfase que SIM, ele existe. Poderia explicar melhor as coisas que vi por lá, mas prefiro deixar assim, para que cada um dia vá até lá e comprove que o lugar existe, descobrindo tudo que ainda não foi citado aqui. E se perguntarem se conhecem alguém que já foi lá para comprovar, digam que sim, pois eu já fui e vou voltar, não vi alagação como as daqui de Sampa nos últimos dias, mas vi o Rio cheio e avançando sobre casas de madeira à sua volta, não vi tanta poluição quanto à daqui, mas vi uma extensa nuvem de fumaça advinda de queimadas, tão prejudicial quanto a nossa advinda das fábricas e escapamentos desregulados, não vi o show do Blaze, mas assisti à maceração do cipó de Daime, não vi rituais antropófagos, mas descobri o que é Floresta Digital, não plantei minha bandeira naquelas terras, mas por lá deixei meu coração. E pior, descobri que de qualquer forma o Marcelo Tas já esteve por lá, várias vezes antes de mim... Ele pode assinar embaixo: O Acre existe!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tela Brasil - Oficinas Virtuais

ofi
Eu não poderia deixar de comentar uma novidade na internet. É a oficina de roteiro virtual no tela brasil. Bem bacana mesmo, até eu fiz um argumento 'virtual' rápido por lá, vale a pena darem uma olhada e exercitarem a imaginação. É bem rápido e fácil de usar.

Tem oficina de roteiro, de direção, de fotografia, de produção, direção de arte, de som e trilha sonora.
Agora, quem quer dar os passos iniciais na carreira de cineasta não pode mais ficar reclamando que não tem oportunidade. Clique
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Fonte Original do post: http://cinedramaturgia.blogspot.com/