quarta-feira, 11 de maio de 2011

Um pouco de Tarsila do Amaral

         Nascida em 01 de Setembro de 1886, na cidade de Capivari, no interior de São Paulo, Tarsila do Amaral é provavelmente uma das mais conhecidas artistas do país, se não pelo nome, pelas obras, já que várias de suas pinturas, como A Negra (1923), Abapuru (1928), Os Operários (1933), entre outras, foram e são utilizadas em livros didáticos de diversas disciplinas escolares, sobretudo Arte e História, matérias que reforçam o caráter humano na obra da artista. 
A obra de Tarsila retrata bem suas experiências cotidianas, sendo influenciada por suas viagens e novas visões sobre quem somos e qual nossa relação com o mundo, influenciou-se pelo cubismo de Picasso, mas também pelos colegas modernistas brasileiros e soube como poucos, unir elementos de diversas escolas enquanto ousada, negava outros, quebrando regras e convenções, como a valorização de detalhes sobre suas obras cubistas, o que destoa da idéia de simplificar a forma humana dos cubistas tradicionais. 

 "Nem também nenhum penetrou tão bem quanto ele a selvageria de nossa terra, o homem bárbaro que é cada um de nós, os brasileiros de verdade que estamos comendo, com a ferocidade possível, a velha cultura de importação, a velha arte imprestável, todos os preconceitos, em suma, com que o Ocidente, através das manhas da catequese, nos envenenou a sensibilidade e o pensamento".
 
ANDRADE, Oswald. [Texto originalmente publicado em entrevista de Oswald de Andrade a O Paizem 1929]. In: AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edusp: Editora 34, 2003. p. 314

         Dotada de uma sólida formação artística, adquirida tanto no Brasil quanto Paris, passou por diversas fases, enquanto compunha sua própria identidade. Mas é a partir da década de 20, após buscar o aperfeiçoamento de sua técnica em Paris, que Tarsila do Amaral começa a se relacionar de fato com sua identidade nacional, se tornando conhecida por possuir um estilo dotado de cores vivas e intensas, e, por destacar a nacionalidade brasileira em temas e cores típicas do Brasil. Nesta produção, cuja fase foi batizada de Pau-Brasil, destacam-se obras como Estação de Ferro Central do Brasil (1924), O pescador (1925) e Religião Brasileira (1927), entre outras que destacaram o tema da brasilidade.
      Através de uma troca de influências com o modernismo e seus artistas, principalmente no chamado “O grupo dos 5”, composto por renomados e influentes  artistas brasileiros, tais como Mário de Andrade e Anita Malfatti, “O aprendizado europeu será digerido aqui, no contato com o grupo. A artista pinta com cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas” (Enciclopédia Itaú Cultural).
      Segundo TIRAPELLI, Tarsila estava ampliando as possibilidades da técnica cubista e criando uma atmosfera de mundo surrealista. Com seu estilo acabou inspirando o movimento antropofágico com Abapuru, quadro que pretendia causar impacto em Oswald de Andrade, seu marido. O quadro realmente causou impacto, mas muito maior do que o esperado, e foi considerado o marco do Antropofagismo, cuja definição é algo como a digestão das formas de arte de outros países e culturas, criando a partir daí, algo completamente distinto. "Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.(...) Tupi or not tupi, that is the question (...)”, escreveu Oswald de Andrade. O estilo usado por Tarsila nesta fase é parecido com o do quadro A Negra, uma espécie de antecessor do movimento.
      O Pau-Brasil e o Antropofagismo são as fases mais conhecidas, e possivelmente, as mais importantes acerca do trabalho de Tarsila do Amaral. Porém, sendo uma artista aberta a novos olhares sob o mundo, suas obras realizadas após visita à extinta União Soviética adquiriram igual relevância. Entre suas obras de maior relevância nesta fase social estão Operários e 2ª Classe (1933).
     Sônia Salzstein afirmou que Tarsila possuía uma atitude dúplice, buscando abraçar ao mesmo tempo o mundo e o sua terra natal, “Com ela, mundo e Brasil dialogam de igual para igual, e criadoramente”, enfatizou Roberto Pontual. 

 
Referências:

TIRAPELI, Percival  - Arte  Brasileira:  Arte  Moderna e Contemporânea. Editora Nacional: São Paulo. 2006

Tarsila do Amaral – Site Oficial , http://www.tarsiladoamaral.com.br/>
Acesso: 03-05-2011


Tarsila do Amaral - Biografia artística <http://www.youtube.com/watch?v=Hgwy1v7T8RI
Acesso 03-05-2011

TARSILA do AMARAL, vida e obra <http://www.youtube.com/watch?v=q9Y2y1Fe-2Q>
Acesso: 03-05-2011

 

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