domingo, 6 de março de 2011

Como ser socialmente produtivo através do pensamento artístico

Quando Fisher afirma que "o trabalho para um artista é um processo altamente consciente e racional, um processo ao fim do qual resulta a obra de arte como realidade dominada, e não - de modo algum - um estado de inspiração embriagante" ele está evidenciando a necessidade de planejamento em todas as atividades que realizamos, e não apenas quando falamos de desenho. Ele usa o desenho como mensagem, mas podemos facilmente perceber que o raciocínio se aplica a todos os outros campos.


Não adianta sentar e esperar inspiração para executar nossos projetos, sejam eles quais forem. Somente após muita reflexão, comparações mentais, dúvidas e até devaneios, nos deparamos com algum resultado. Mas não chegamos a este resultado de forma mágica, como uma inspiração inesperada, enviada por seres míticos ou sonhos miraculosos. Talvez alguns destes até nos sejam reais para o processo de criação de algumas pessoas, mas mesmo estes fazem parte de um processo lento de transpiração, onde as idéias amadurecem antes de desabrochar na consciência. Como afirma Fisher “a emoção para um artista não é tudo; ele precisa também saber tratá-la, transmiti-la, precisa conhecer todas as regras, técnicas, recursos, formas e convenções...” Não podemos acreditar sob nenhuma hipótese, que uma obra de arte nasce de um dia para outro, sem nenhum grau de envolvimento anterior, tampouco podemos acreditar na possibilidade de uma mudança social seja ela qual for, sem o devido esforço para elaborar os meios de sua concretização. Um projeto arquitetônico exige estudos preliminares, um discurso não é simples falatório. Para tudo precisamos trabalhar os conceitos com antecedência, ir aos poucos, descortinando a estrada que nos levará ao objetivo final.

Se levarmos este aspecto à prática diária, não ficaremos sentados esperando que a sociedade nos apresente magicamente soluções para o dia-a-dia, pelo contrário, estaremos sempre tratando das idéias, buscaremos conhecer as regras do mundo, as técnicas para o que queremos realizar, quais recursos poderemos utilizar. Enfim, estaremos trabalhando, pensando, buscando uma forma de sermos socialmente construtivos e produtivos; como artistas e como homens.

Referências:

FISCHER Ernst, A Necessidade da Arte, Editora Guanabara, Nona Edição

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