terça-feira, 12 de junho de 2012

Danilo de S’Acre “CANIBAL VISUAL SENSAÇÕES ARTÍSTICAS NO FUNIL CÓSMICO”


Danilo de S’Acre
Para realizar este trabalho, com a incumbência de entrevistar um artista popular, fomos falar com Danilo de S’Acre, um artista bem reconhecido na região. Escolhemos para o encontro do grupo a Usina de Artes João Donato, um espaço cultural que serve também como ponto de encontro entre os artistas acrianos.


Danilo nasceu em Rio Branco em l958 e atua no mundo das artes plásticas, como autodidata, desde o início dos anos 70 e realizou suas primeiras obras com tinta a óleo no início dos anos 80, quando começou a ganhar projeção. “Desde criança me interessava pela arte, morava na colônia (NE: Espécie de chácara)”. De acordo com ele, o período que morou na colonha o influenciou na sensibilização das formas e cores da natureza à sua volta, já na escola, as histórias em quadrinhos o aproximaram mais do mundo da arte, “a influência do gibi foi muito marcante para mim”.

O artista chegou a morar em Brasília e na Itália, onde ficou durante 13 anos “fui para lá como uma grande aventura”, disse Danilo ao afirmar que embora tenha estudado e conhecido o trabalho de diversos artistas na Itália,seus propósitos foram diversos.

Durante os 13 anos que morou na Itália Danilo realizou exposições em Roma, Ancona, Milão, Velletri , Reggio Calabria e San Giovanni Rotondo. O artista fez diversos estágios com artistas europeus e teve a oportunidade de participar de cursos, oficinas e seminários prático-teóricos nos mais diversos ramos da arte, com artistas italianos. Danilo retornou ao Acre em l993.

Usina de Artes João Donato
Em nossa entrevista Danilo falou sobre a relação dos museus com a Arte Popular, para ele os museus podem atrair as pessoas mais simples, fugindo do conceito de uma arte elitizada “tem esta coisa do intelectual, mas também tem esta coisa do popular, com o cotidiano das pessoas”. Danilo acredita que falando numa linguagem popular, aproxima-se a arte do povo “você colocando em uma obra de arte fica mais familiar para eles, mesmo sendo aquela coisa mais abstrata, que ele não consegue entender, mas ele consegue sentir”.

Para ele, as aulas de arte realizadas nas escolas, podem ser um fator muito importante para que a visão artística possa se manifestar mais fácil na vida das crianças “A Arte não é só para algumas pessoas, é para todo mundo, então acho que esta preparação deve ser feita nas famílias e na escola. Principalmente na escola. Os professores de arte deveriam estimular mais a visita a exposições, a museus”, diz.

Em frente à uma obra de Danilo
exposta na Usina de Artes
Danilo foi citado na entrevista como um artista multimídia, pois possui um blog, faz poesias, é designer gráfico, já realizou alguns documentários, e vê as novas mídias como um fator positivo, abrindo uma nova perspectiva para a sociedade com relação aos paradigmas da arte “começou com a televisão, que chegou aqui nos anos setenta, e depois com a internet, a linguagem mais acessível e ao mesmo tempo universal. Você tem acesso facilmente a qualquer lugar do mundo através da internet”. Para ele, isso aproxima mais as pessoas, atiçando a curiosidade e difundindo o trabalho do artista.

Com relação a sua obra, Danilo de S’Acre passou por muitos estilos distintos e mesmo dentro da pintura ele se mostra um artista extremamente versártil, “a temática depende sua experiência, de sua vivência, da idade, da forma de pensar”. Para Danilo, nós mudamos nossa forma de ver o mundo constantemente, e isto afeta nossa forma de expressão, “Você vai aprendendo outras coisas e vai mudando, é uma mudança natural”, diz. De acordo com a sua autobiografia em seu blog “Canibal Visual”, seu trabalho

prioriza a utilização de materiais em sucata, utilizando e introduzindo junto a suportes de tela, madeira ou mesmo esculturas, essências de origem vegetal, tais como: folhas, sementes, fósseis, cipós e argila da floresta amazônica e sucatas de origem industrial. Faz trabalhos abstratos e figurativo enfocando a cultura regional amazônica e principalmente a iconografia, totemismo e a pesquisa antropológica-iconográfica e simbolista das culturas indígenas”

Danilo de S'Acre, poema e objeto, 2006.
Embora seja visto com um pintor consagrado na região, Danilo afirma que a vida de artista não é fácil “Arte de mercado é complicado. Pouca gente vive da arte. Eu não vivo da arte, vivo da relação com a arte, ajudando os outros, colaborando com outros artistas. Faço capa de livros, de Cds, ilustrações, trabalhos alternativos de arte que faço e dão um dinheiro”. Danilo afirma que a maior parte de seus trabalhos vendidos foram para os governos anteriores, “raramente outras pessoas compraram”. 


 
Referências:
Lapsus: Retorspectiva parcial de Danilo de S’Acre, Rio Branco, 2005
Canibal Visual: <http://danilo-canibalvisual.blogspot.com> Acesso: 26-10-2011

3 comentários:

  1. Gostei muito da matéria, Fábio, muito boa. Só conserta meu nome: uma na legenda da foto minha, outra no texto, e, também Colônia. O resto tá sensacional. Thank's.

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  2. Valeu, Fabio. Obrigado. Bom final de semana. Ciao.

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