quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Resenha: “Um igarapé no meu quintal”





“Um igarapé no meu quintal”
30:01′
Rio Branco-AC-2010
Direção Gilberto Ávila
Em algumas partes do Brasil não se conhece a expressão “igarapé”, que designa um pequeno braço de rio, mas córregos e cursos d'água são sinônimos para este pequeno ecossistema, que possui a mesma importância nos seus diversos substantivos. “Um Igarapé no meu quintal” é o resultado de um minicurso de três semanas sobre cinema documentário, enfocando oficinas técnicas, palestras temáticas, aulas teóricas e trabalho de campo, realizado por 25 alunos do município de Rio Branco, estado do Acre. A realização faz parte do projeto “Consumo Consciente - Cinema e Cidadania”, aprovado no Edital Arte e Consumo do Procon do Estado do Acre, em 2008
O trabalho não chega a possuir o charme de um “ilha das Flores” ou a intensidade de um “Surplus”, mas merece elogios por sua iniciativa, já que proporcionou à 25 jovens a oportunidade única de aprender, na prática, os conceitos que envolvem a produção de uma peça audiovisual, do roteiro e iluminação e captação de recursos e apresentação. Tudo de forma tão dinâmica que toda a produção foi realizada pelos alunos, que dirigidos por Gilberto Ávila, saíram do curso com a satisfação única de ter em mãos, o fruto de seu trabalho e aprendizado.
Outro ponto positivo do documentário é sua trilha sonora, parte gravada e composta pelo músico Gustavo Ribeiro e o restante sendo cedido pelo grupo “Vida Seca”, de Goiânia. Chama atenção o som diferente do Didiridu, instrumento percurssivo, de raízes índigenas (usado pelos aborígenes da Austrália), gravado pelo músico Magno.
O documentário possui a pretensão de denunciar, mostrando uma verdade inconveniente, porém menosprezada de um igarapé que agoniza, e que de tempos em tempos, quando a força das chuvas avançam sobre as casas, volta ser fundo, “É um chamado à reflexão sobre os caminhos traçados pela ocupação humana e seu modo de viver na Terra, um alerta a sociedade sobre um de seus maiores bens, a água”.
Para retratar esta realidade, o documentário busca especialistas ambientais, engenheiros e arquitetos, enfocando o olhar jornalístico do documentário. Entre estas participações, a de Leonardo Boff é talvez a mais importante, mas as palavras de alguns destes especialistas soam panfletárias e pouco eficientes, o que não ocorre quando ouvimos os moradores que vivem às margens do igarapé (e da sociedade), pois falam sobre aquilo que vivem, sentem e precisam e suas histórias nos comovem realmente, por menos habilidosas que suas palavras sejam.
Todos sabem que os pássaros vivem e se multiplicam próximos à natureza, mas nem todos sabem que Dona Raimunda Pinto precisa das garrafas Pet descartadas no rio para sobreviver, e é este enfoque sobre a visão dos moradores que enriquece o documentário. São suas vozes que queremos ouvir quando falamos de algo que está no nosso quintal, felizmente, estas aparições são a maioria no documentário.

Assista ao documentário:

Um Igarapé no meu Quintal from Gilberto Ávila on Vimeo.


Mais informações e ficha técnica: cinemaecidadania.wordpress.com

*Resenha de Fábio Carvalho e Fernando Henrique Leal 

Nenhum comentário:

Postar um comentário