terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dos palcos da vida para a sala de aula


Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência

Formandos da UnB em artes celebram o diploma na última cerimônia do Acre. Coordenadora de EAD relembra a trajetória de parceria entre a universidade e o estado do Norte

Thais Antonio - Da Secretaria de Comunicação da UnB

O Grupo de Palhaço Tenorino (GPT) existe em Rio Branco, no Acre, há 21 anos. É conhecido e respeitado em todo o estado e contabiliza prêmios conquistados em São Paulo e no Paraná. Três dos oito integrantes da trupe uniram a vocação que os leva ao palco há duas décadas ao ensino da arte. Com a oportunidade de cursar Teatro pela Universidade de Brasília, na modalidade a distância, levaram o sonho além e têm, hoje, um diploma da licenciatura na área.

Aparecido “Dinho” Gonçalves, Marília Bomfim e Isabel Paixão fizeram parte da turma que concluiu a graduação na última sexta-feira, 10 de fevereiro, em Rio Branco. A Secretaria de Estado de Educação e Esporte sediou a cerimônia. Ao todo, seis alunos se formaram na licenciatura em Teatro, uma em Música e cinco em Artes Visuais.

“Um espetáculo teatral, quando a gente gosta, a gente quer ver de novo. Um filme, da mesma forma. Uma obra de arte, quando você aprecia, gasta bastante tempo olhando pra ela. Se tivesse de fazer o curso de novo, eu faria”, conta o ator Dinho, agora professor formado pela UnB. “Apesar de árduo, foram momentos muito prazerosos. A formação agregou muitas coisas para a gente e quebrou um monte de preconceito”.

Dinho acredita que estudar é importante na trajetória de um artista. “O estudo sistematizado, na Academia, é fundamental”, diz. “O curso fortaleceu um pensamento que eu já tinha há algum tempo, de que não existe limitação para a criatividade. Tudo pode se tornar artístico, tudo pode se tornar arte”.
Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência
 Dinho Gonçalves: "não existe limitação para a criatividade. Tudo pode se tornar arte”
O ator confessa que sentiu falta de mais contato com colegas e professoras ao longo do curso, já que a maior parte das atividades é feita online. “Os encontros presenciais deveriam ser mais constantes, mas isso não atrapalhou a aprendizagem. As webconferências ajudavam muito a tirar dúvidas”.

Outra coisa facilitou os estudos de Dinho: a esposa, Marília, com quem é casado há 15 anos, estudou com ele. “Tivemos as mesmas dificuldades que os nossos colegas, mas o fato de sermos casados ajudou. Optamos pela UnB por duas questões, tempo e qualidade”, diz ela.

“O curso foi importante porque somos do movimento teatral e somos educadores”, diz Marília. Ela acredita que o ensino a distância faz com que o estudante encare o curso com mais responsabilidade. “O processo de autonomia é mais doloroso. O aluno tem que organizar seus horários, se planejar. Se você não prestar atenção, não se fizer presente, não adianta”.

Para professora Maria Lídia Bueno, coordenadora operacional de Ensino de Graduação a Distância da UnB, é importante destacar que a educação a distância não é inferior. "É a mesma educação. A Universidade de Brasília está, da mesma forma, presente aqui com esses alunos. Não são outros alunos, não são outra categoria de estudantes”, afirma. “O impacto da UnB nesses rincões do Brasil que foram alijados do acesso ao ensino superior extrapola a relação normal do estudante com a universidade”.

Pensando nisso, a professora pediu ao cerimonial da UnB sensibilidade na execução do protocolo na outorga de grau. “A cerimônia é integralmente da UnB, mas não queremos homogeneizar a educação, mas entender e aprender com o diferente”, diz. Fazendo jus à trajetória que confere a ele o status de referência em Teatro no Acre, Dinho fez uma performance ao receber o diploma. Quebrou o protocolo com arte e a plateia aplaudiu. Naquela noite, o palco era de todos eles.
Prof. Maria Lídia: "Não queremos homogeneizar a educação, aprender com o diferente”

HISTÓRICO – A história de parceria entre a Universidade de Brasília e o Acre começou com o curso de Pedagogia oferecido a distância pela Faculdade de Educação. Em março de 2010, 597 professores da rede pública do estado, sem graduação, receberam o diploma da UnB. Ao todo, 600 iniciaram o curso. A evasão de apenas três inscritos surpreendeu até os mais otimistas na época. “É uma história de sucesso. Foi montada toda uma estrutura para que eles pudessem estudar e trabalhar”, conta Maria Lídia.

“A UnB é pioneira na educação a distância. Ela já nasce imbuída de alcançar além da estrutura física e já inclui a tecnologia como parte disso, numa visão emancipadora de uso da tecnologia”, diz Maria Lídia. “Continua sendo um desafio. Fazer educação a distância ainda é um processo de construção. Ainda temos problemas e cada vez mais temos a clareza de que somar é o que faz a diferença”.

No dia anterior, as cidades acrianas de Feijó, Sena Madureira e Xapuri celebraram a graduação de 28 novos professores em Artes Visuais e um em Teatro. O secretário de Educação do estado, Daniel Zen, que também esteve na mesa da cerimônia de Cruzeiro do Sul, disse que a formatura dos alunos da UnB é uma “conquista coletiva para o Acre”. “Fico alegre de poder contar com um quadro de professores qualificados para ministrar as disciplinas de artes como a gente sempre quis”.

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