terça-feira, 6 de setembro de 2011

Não acredite em horóscopos!


            Embora eu tenha duas tatuagens inspiradas em meu signo e, sempre que possível, exalte aos quatro ventos que sou nascido no dia 31 de outubro, sob o signo de escorpião, nunca acreditei em horóscopos. Bem, exceto uma vez... 

Estava em um período difícil, com problemas de saúde, desempregado e, tinha acabado de sair de um namoro bastante complicado com uma safada (e gostosa) que se fazia passar por santa porque era "crente". Então, em uma bela manhã, resolvi folhear os classificados em busca de emprego ou, talvez, de uma outra safada, daquelas que colocam anúncios de "acompanhantes", sabe? Até encontrei uma que parecia legal: Ruiva, 20 anos... Mas como disse, estava desempregado, fiquei na mão mesmo. Mas por curiosidade fui ler meu horóscopo... Dizia mais ou menos (minha memória é meio fraca...) o seguinte: "Hoje é seu dia de sorte". Comecei a rir claro, lá estava eu na mão, desempregado e pensando na puta que não comi e o jornal ainda tinha a cara de pau de dizer que era meu dia de sorte?


            Bem, depois de um banho de gato e um belo barro, fui procurar trabalho. Joguei minha camiseta preta pro lado, passei gel no cabelo e coloquei meu melhor tênis furado, andei o dia todo e nada. Nem emprego, nem nada que comprovasse o que estava escrito no horóscopo. Sentei no banco da praça de um famoso hotel de minha cidade e fiquei olhando alguns velhinhos dando milho aos pombos e acabei cantarolando uma música de um cantor que minha memória não libera o nome, mas, era mais ou menos assim: "Tudo isso acontecendo, e eu aqui na praça, dando milho aos pombos..." Caraça, a coisa tava feia pro meu lado, quando a gente começa a cantarolar estas músicas de MPB é porque a coisa está preta, pelo menos não podia ficar pior... Não até um maldito pombo soltar um belo e gigante cagão no meu cabelo e na minha camiseta, que, diga-se de passagem, era a única que não era preta e nem de banda de heavy metal. Era melhor voltar pra casa...

            Depois de dormir no ônibus e perder o ponto e, graças a isso, ter de aumentar ainda mais o furo de meu tênis, cheguei em casa. A luz havia acabado, um troço ainda jazia na privada entupida e sem água na descarga. Minhas correspondências haviam virado contas atrasadas, e então percebi que ficaria sem água por mais um tempo. Nada podia ficar pior, era melhor ir dormir, e esquecer de tudo da mesma forma que esqueci que ainda estava com cocô de pombo na cabeça...

            Acordei com o cabelo duro e, como estava sem água em casa, saí sem tomar banho, estava tão acostumado ao cheiro natural de meu banheiro que nem percebi que estava fedido igual uma égua em trabalho de parto, seja lá qual for o cheiro disto.

            Parei em frente a uma banca cujo "propriotário", sabe-se lá por quais razões (devia ser viado), não tirava os olhos de mim. Para a minha sorte, alguém falou com ele e tive tempo de ler meu horóscopo do dia (só por curiosidade) que dizia algo mais ou menos assim: "Mercúrio nas órbitas de Plutão (órbitas saltitantes na casa 10 e termos pseudocientíficos afins), hoje será um daqueles dias em que será melhor não sair de casa, o melhor a fazer é ficar na cama dormindo". Fechei o jornal e pensei comigo: "Se ontem tudo deu em merda (literalmente), hoje não pode ser pior. Assim que coloquei o jornal de volta e comecei a andar... Foi quando encontrei uma carteira no chão: Opa! Olhei para o lado, ninguém. Peguei a carteira e abri. Sem documentos que pudessem indicar o dono e, para minha sorte, uma razoável quantia de dinheiro vivo... "Azar o carvalho! Este negócio de horóscopo é uma balela!!!!!", pensei comigo. E só de sacanagem voltei até à banca e comprei o maldito jornal. Em forma de protesto aos horóscopos eu ia limpar a bunda com ele depois de mais um torpedo que ficaria boiando com a falta de água da descarga. Dito e feito, sentei na privada, fiz umas caretas, uns barulhos estranhos (daqueles que os caras de Hollywood gravam sem ninguém ver e usam como idioma de alienígenas nos filmes) e, como havia muita coisa para colocar para fora, resolvi folhear o jornal que havia comprado. Levei um tremendo susto. O jornal era de ontem?! Caramba, se ele é de ontem, o horóscopo estava certo! Pois foi mesmo um dia azarado! Dei um pulo e, sem usar o jornal como pretendia, saí procurando o jornal que havia lido ontem.

Achei o jornal e abri novamente na página de horóscopo, mas a data estava certa. Sacanagem, se a data estivesse errada neste também, seria a prova de que o treco funciona! Mas então, percebi que, embora a data estivesse correta, eu inadvertidamente havia lido o signo errado! Sou de Escorpião e não de Leão (graças a Deus!)! Eu havia lido o quadro errado! E, finalmente li o horóscopo correto, que dizia mais ou menos assim, se bem me lembro: "Não acredite em tudo que lê".



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