quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Resenha: Musica por computador: novas possibilidades de criação e profissionalização

O texto Musica por computador: novas possibilidades de criação e profissionalização, de Cíntia Campolina de Onofre, já começa fazendo uma comparação muito bem encaixada da temerosa questão sobre a possibilidade de a tecnologia vir a substituir o trabalhador em sua totalidade, o que, o texto também concorda não é verdade.

Cíntia compara o ato criativo de fazer música perante a tecnologia ao trabalhador comum que via no avanço tecnológico a morte prematura de sua força de trabalho, mas em ambos os casos, como a autora deixa claro, é necessário se adaptar, pois este avanço não significa o fim de todas as profissões, mas o nascimento de outras, como no trecho “Entretanto, se por alguns anos pensou-se que o computador substituiria a mão de obra nas profissões – o que hoje sabemos ser uma afirmação errônea – em música é oportuno lembrar que a nova tecnologia possibilita ao músico inúmeras opções para profissionalização, abrindo assim novos campos de trabalho.”

Logo em seguida, Cíntia aborda o início do uso dos computadores na música, abordando entre outras coisas o advento dos sintetizadores e a complexidade da música elaborada por computadores e a necessidade de o músico de hoje ter de obrigatoriamente dividir seu tempo com programas de computador, cada vez mais necessários para o desenvolvimento da música e sua potencialidade através dos recursos eletrônicos para produção, execução e criação com grande ênfase no sistema MIDI. Entretanto, a autora não aborda apenas passado e presente, pois a informática tem seu avanço rápido demais para se focar algo sem pensar no futuro próximo. Assim ela aborda também algumas das possibilidades futuras, como a criação de um novo sistema a partir do próprio MIDI, o XMIDI, que seria uma proposta voltada à romper as atuais limitações do padrão MIDI.

Uma característica bastante favorável ao artigo é sua sensibilidade artística, pois é muito comum ao tratar-se de avanços tecnológicos, abordar a questão de forma distante e fria, como se fosse necessário absorver a pretensa frieza da máquina para retratá-la ou abordá-la. A autora afirma “O que devemos deixar claro, é que não se pode pensar em música por computador se não existir o músico que opera e cria através dele”. Ela aborda ainda, a multimídia, o conceito de interface, que Pierre Lévy define como “um dispositivo que garante a comunicação entre dois sistemas informáticos distintos ou um sistema informático e uma rede de comunicação”, o trabalho nos estúdios, o padrão Wave e os novos formatos de se trabalhar com música sem perda de qualidade e os vários novos campos de atuação para o músico e as vantagens que a troca de arquivos pela internet oferecem aos músicos.

E finalmente, não poderia terminar sem citar a leve introdução da autora na questão dos direitos autorais, onde conclui que de acordo com “as pesquisas, os usuários não se intimidam com esse problema, ao contrário, é justamente pela não legalização que estão dispostos a criar e compilar as obras. Para esses o processo de criação é o mais importante”. Tudo isto, faz deste um artigo que interessa não apenas à músicos, mas também a artistas, tecnólogos e usuários comuns interessados no avanço tecnológico e nas novas possibilidades de uso e criação de música por computadores. O artigo traz ainda um pequeno glossário dos principais termos abordados.
Referência Bibliográfica:

Onofre, Cíntia Campolina, Musica por computador: novas possibilidades de criação e profissionalização.

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