sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Entrevista: Edgar Franco



Ele se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília, é mestre em Multimeios pela Unicamp e doutor pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). À sua formação, uniu a paixão de infância pelas histórias em quadrinhos, objeto de sua pesquisa e de seu trabalho como artista. Até aí um currículo nada anormal para um professor universitário, que dá aulas nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Ciências da Computação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Entretanto, definir a pessoa e o trabalho de Edgar Franco não é tão simples como sugere sua formação acadêmica.
Nascido em 1971, esse mineiro de Ituiutaba é, à primeira vista, um cara estranho, com um trabalho bem fora do convencional. Atento ao desenvolvimento tecnológico e sua influência no modo de vida atual, Franco converge o trabalho acadêmico com a produção artística multimídia: quadrinhos, música e internet. Sua arte hoje se apóia na Aurora Pós-humana, um universo de ficção criado por ele, que convida a refletir sobre uma humanidade totalmente modificada pela atuação da tecnologia nos corpos e mentes humanos. Sob esse tema, atualmente cria HQ na Internet, uma mistura de quadrinhos e hipermídia que ele próprio denominou HQtrônicas – histórias em quadrinho eletrônicas. Como músico, compõe em estilos “muito obscuros e controversos” conhecidos como dark ambient e cyber gore, influenciados pelo rock e pela música experimental.
Nessa entrevista, Edgar Franco fala do quanto é bom ser esquisito, da sua relação com seus alunos, de suas inspirações e influências, do impacto no público e do reconhecimento mundial do seu trabalho e da maravilha que é a internet. Critica o meio acadêmico, “onde reina a monarquia imperialista da ‘citação' ” e aponta a necessidade que há de ter a capacidade de se ter as próprias idéias e refletir sobre elas. Por aí o esquisito revela um ser humano inteligente, bem informado, atento e preocupado com questões do mundo ao seu redor, capaz de fazer circular sua ideologia de forma autêntica, numa arte complexa permeada de filosofia, psicologia, ficção e futurismo, fruto de um trabalho criterioso de pesquisa e observação atenta e crítica do mundo. Um cara que pensa.








Confira na íntegra esta entrevista que tem tudo relacionado à Arte e Tecnologia:
http://www.mafua.ufsc.br/numero09/mafua09.html#entrevista








Trecho:





"Acredito que o álbum “BioCyberDrama” traga um pouco dessa minha controvérsia contraditória sobre os processos tecnológicos, hora vejo luz, hora trevas. Apesar do aparente niilismo, existe claramente esse fio de esperança. Acredito na real possibilidade de os tecnólogos criarem a nova espécie que irá nos substituir nesse planeta, um novo nível na escala da evolução do homo sapiens, uma categoria de criatura altamente avançada hibridizando genética humana, animal, vegetal, nanoengenharia e vida artificial emergente baseada em computação evolutiva e dinâmica de redes. Antevejo a possibilidade de essa nova espécie pós-humana estender sua longevidade a casa de centenas de anos, talvez nesse momento a tecnologia auxilie a nova espécie a promover uma verdadeira expansão e evolução da consciência, desconstruindo finalmente todo e qualquer dogma – as maiores pragas de nosso planeta – e criando um verdadeiro equilíbrio. Mas existe a outra faceta, ou seja, a tecnologia pode simplesmente continuar atendendo aos nossos desejos egóicos e individualistas de poder e prestígio e simplesmente acelerar o processo de extinção de nossa bela e controversa espécie humana. Infelizmente a ética nunca impediu que a tecnologia avançasse, se existe conhecimento tecnológico para se fazer algo, isso será feito, independente das implicações éticas de tal experimento. Até o momento nunca vi a tecnologia ser bloqueada por nada a não ser pelas próprias impossibilidades científicas. Quanto à expressão artística, acredito que a arte genuína dialoga com a tecnologia de seu tempo, e os artistas sempre estarão conectando suas poéticas aos processos tecnológicos emergentes. "



Edgar Franco.




O Edgar é professor na PUC de Poços de Caldas, minha cidade natal, e o conheci através de um de seus alunos. Infelizmente nunca fui muito próximo e não pude absorver muito de sua sabedoria de uma forma mais direta, mas sempre percebi o "cara diferente" descrito nesta entrevista. Uma visão única sobre Arte, Tecnologia e Sociedade. Se alguém desejar se aprofundar em algum de seus conceitos e quiser um contato pessoal, o e-mail dele é:










Links relacionados:








Site de web arte O MITO OMEGA (trabalho envolvendo vida artificial e computação evolutiva - em desenvolvimento): http://www.mitomega.com/


Site de web arte FREAKPEDIA (poética que ironiza a falsa liberdade da Wikipedia): http://www.freakpedia.org/


RITUALART - Site com trabalhos mais antigos na área de ilustração e HQ:http://www.ritualart.net/


Entrevista:"Desvendando a Esfinge Biocibernética" conduzida pelo conhecido cartunista Márcio Baraldi:http://www.bigorna.net/index.php?secao=entrevistas&id=1196395635


Myspace oficial da banda POSTHUMAN TANTRA:www.myspace.com/posthumantantras


Website oficial da banda POSTHUMAN TANTRA:www.posthumantantra.legatusrecords.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário